20 julho, 2011

Casa arrumada é assim:


Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

E você, vive e curte o que arrumou ou só deixa de enfeite...

Blog do Prof. Nelson Pretto


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ÉTICA E RESPONSABILIDADE

Ética e Responsabilidade Social
quarta-feira, abril 16, 2008 in Artigos | Tags: Artigos, Campanhas, Cidadania, Comunidade, Consciência, Responsabilidade Social, Solidariedade, Terceiro Setor


É preciso refletir sobre o papel social de cada um. O ser humano precisa construir o seu novo ser. Atualmente, temos um grande desafio na vida: construir o nosso ser com espírito ético, fraternal e voltado para o resgate de uma segurança social.

A realidade nua e crua: dois terços da população mundial vivem em condições de pobreza absoluta e cerca de vinte por cento desse contigente passa fome. Isso mesmo, FOME!

Sabemos que o número de pobres é um bom instrumento para se avaliar o desenvolvimento humano. De acordo com o Monitor da Pobreza do Banco Mundial, o número de pessoas que vivem na pobreza extrema (renda inferior a 1 dólar por dia) continua aumentando absurdamente. Esse quinhão de pessoas desprovidas de qualquer condição de sobrevivência atingiu a triste marca de 1,2 bilhão de miseráveis em 1987. Em 2001 chegamos a 2,7 bilhões, isso porque a previsão do Monitor para 2015 era de chegarmos a casa dos 2 bilhões. Atingimos esta triste realidade muita mais rápido do que qualquer cálculo ou estudo matemático. Não há mais previsões certeiras nesta área, infelizmente…

No Brasil temos cerca de 57,7 milhões de pessoas pobres, ou seja, em torno de 33,2% por cento da população é pobre ou miserável. Por outro lado, cada brasileiro paga R$ 6.000,00/ano pela corrupção do país. Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas com base em dados do Banco Mundial e da organização não-governamental “Transparência Internacional” mostra essa dolorosa realidade.

Isso tudo nos causa perplexidade ética, mas apenas a indignação, na maioria das vezes, não se transforma em ação.

Ter boas intenções não basta! É preciso agir na busca do confronto contra todas as mazelas que ferem a ética do direito constitucional “dignidade da pessoa humana”, estabelecido no inciso III do artigo 1º da Lei Maior.

A corrupção é uma torneira que esvai os recursos que poderiam salvar muitas vidas, construir escolas e hospitais, fazer estradas para escoar a produção agrícola, preservar o meio ambiente, matar a fome do povo, etc.

Ser ético é um grande negócio. A ética é um investimento que traz muitos frutos. Um professor de ética profissional, no Paraná, ao falar para empresários em um evento, citou “se você for correto na sua empresa, as pessoas vão ter confiança em você, no trabalho e no produto. O lucro aparece na seqüência”. Em matéria publicada em um periódico, a Auditora-Fiscal Ana Emília Baracuhy Cavalcanti, diz que não existe um manual de procedimentos éticos, pois o comportamento ético é um “impulso natural por agir corretamente nascido da nossa livre compreensão das coisas. É essencialmente espontâneo. É naturalmente orientado para não causar dor ou sofrimento e para fazer o bem sempre que possível. O respeito profundo por si e pelos outros é a base do comportamento ético”.

Nesse sentido, várias empresas do país estão investindo cada vez mais na ética. A ética passou a ser um assunto discutido por toda sociedade brasileira.

Isso tudo chama-se ética de responsabilidade solidária, que significa colocar-se no lugar do próximo. É se indignar com as minorias que são apartados da sociedade. É fazer algo para reverter a situação de vítima de todos aqueles sofredores da exclusão social.

No livro “Conversando sobre Ética e Sociedade”, os professores Jung Mo Sung e Josué Cãndido da Silva, definem que uma ação solidária é necessariamente uma ação coletiva que se expressa atualmente nos movimentos sociais em defesa dos mais fracos – movimento pelos direitos humanos, ecológico, de mulheres, índios, de combate à fome e tantos outros que se baseiam numa nova ética social, a ética solidária. Eu já acredito que, mesmo que uma adorinha só não possa fazer o verão, ações individuais podem começar todo o processo, e você?

É necessário pararmos com a repetição irritante de botar a culpa de todas as mazelas da sociedade somente no governo. Vamos aproveitar a oportunidade para definir as expressões “Estado” e “Governo”.

Para o professor e escritor, Hely Lopes Meirelles, o conceito de Estado varia conforme o aspecto em que é considerado. Do ponto de vista sociológico, é “a corporação territorial dotada de um poder de mando originário”; sob o aspecto político é “a comunidade de homens, fixados sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção”; sob o prisma constitucional, é “a pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do Código Civil, é “a pessoa jurídica de direito público interno”.

O governo, em sentido formal, é o conjunto de Poderes e de órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. O Governo é um dos elementos do Estado. Os outros são Território e Povo. Governo é a base condutora do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de auto-determinação e auto-organização emanado do Povo.

Como vimos, Governo é diferente de Estado. Governo deveria ser todos nós. Existe, assim, uma falsa imagem de todos sobre a diferença entre Governo e Estado. Essa ignorância faz com que as pessoas se revoltem contra o Estado como se estivessem se revoltando contra o Governo. O cidadão quebra os telefones públicos, picha os muros das escolas públicas com palavras de baixo calão, quebram ônibus, com o sentimento de que o bem público é daquele que exerce o Governo.

Através da conscientização da distinção entre Governo e Estado, alguns males da sociedade poderiam ser resolvidos com a participação ativa da sociedade civil organizada.

A ética e a responsabilidade social têm que ser repensadas em todos os seus aspectos. Vamos repensar?



Disponível em
http://mapadaterra.wordpress.com/2008/04/16/etica-e-responsabilidade-social/
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